Um conto a procura de um título

 

PARTE I

Juntaram os gozos como se pudessem criar um novo “eles”. Não importava agora. Estava decidido. As duas essências entrariam em Maria para que o novo rebento fosse um segredo da criação. Como seria esse novo fruto deles? Apenas a história futura poderia dizer. O rosto… teria o nariz de quem? Os lábios de quem? Os olhos de quem? Como seria a assunção do desejo da real herança dos dois? O segredo seria revelado?

A mistura estava guardada como se fosse relíquia de uma nova geração por vir. As células se misturavam, tentavam unir os desejos. Como amalgamar esta vontade em líquidos, e como sentir essa permissão tecno-teológica de sonhos como Deus? Apenas precisariam de Maria. A espera seria normal, o passar dos dias  normal, tudo seria normal. Não fosse uma dúvida dividida. Maria seria apenas o divino receptáculo e gerador da vida redentora. Mas o que seria o rebento desse amor? O nome? Qual seria  o nome? Seria, teria a letra inicial de quem? O sobrenome? Pequenas perguntas diante da imensidão de grandes possibilidades.

(…) Não quiseram mais falar da mistura. Estava congelada… em suas almas, esquentada por um calor que somente poucos entendem. Dia e noite pensavam nela, mas queria vê-la em Maria. Como ficaria Maria? Quem era esta Maria? Tinha que ser Maria esta mulher…

 

Continua…

 

 

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